Eu estava na mata à procura da imagem de Nossa Senhora, que havia aparecido para mim. Foi quando, de repente, vi uma bela jovem deitada por entre as árvores. Era Cecília. Uma linda menina de olhos azuis, e cabelos da cor do sol. Naquele momento, tive certeza de que ela era minha Senhora, e que eu deveria servi-la. Assim como um servo serve seu senhor feudal, eu, serviria aquela moça como se fosse seu escravo.
A protegeria e seria pra sempre fiel a ela. Eu realizaria todos os seus desejos a ponto de arriscar minha vida para salvá-la.
Eu era o guerreiro principal de minha tribo, o senhor das florestas. Era muito competente e devia assumir o cargo de pajé. Mas, desde aquele dia na mata, decidi que minha escolha não poderia ser outra se não abandonar minha tribo e viver como escravo para Cecília.
Nunca irei me cansar de salvar a vida dela, de livrá-la da morte quantas vezes for necessário. Por ela, enfrentarei tigres, beberei o veneno mais amargo, e me tornarei cristão. Serei seu melhor amigo e também seu amante.
Peri.
Trecho do livro:
"A menina avistando o índio correu para ele.
— Meu pobre Peri, disse ela; tu sofreste hoje muito, não é verdade? E achaste tua senhora bem má e bem ingrata, porque te mandou partir! Mas agora, meu pai disse: Ficarás conosco para sempre.
— Tu és boa, senhora: tu choravas quando Peri ia partir; pediste para ele ficar.
— Então não tens queixa de Ceci? Disse a menina sorrindo.
— O escravo pode ter queixa de sua senhora? Tornou o índio simplesmente.
— Mas tu não és escravo!... respondeu Cecília com um gesto de contrariedade; tu és um amigo sincero e dedicado. Duas vezes me salvaste a vida; fazes impossíveis para me veres contente e satisfeita; todos os dias te arriscas a morrer por minha causa.
O índio sorriu.
— Que queres que Peri faça de sua vida, senhora?
— Quero que estime sua senhora e lhe obedeça, e aprenda o que ela lhe ensinar, para ser um cavalheiro como meu irmão D. Diogo e o Sr. Álvaro."
Nenhum comentário:
Postar um comentário