quinta-feira, 10 de maio de 2012

O dilúvio

Eu e Cecí, sozinhos entres as árvores. Ao olhar para ela via em seus olhos o quanto estava apreenciva e com medo. Isso só aumentava a minha responsabilidade sobre a minha senhora. os dias se passavam e iamos nos acostumando com a nova realidade.
Era alta noite, quando fui surpreendido por um rumo surdo e abafado que quebrou o silencio profundo da mata. Então ergui meus olhos em direção ao rio para tentar ver o que estava acontecendo.
Cecí dormia tranquilamente ao meu lado, quando vi que o rio se elevava, que um grande dilúvio estava para acontecer e que precisavamos nos salvar.
Tudo na mata era arrastado pela força da água, foi quando peguei Cecília em meus braços e a levei para o copa da árvore e então ela acordou assustada. Ao ver o que estava acontecendo ao nosso redor e falou:

"- Podemos morrer, meu amigo! disse ela com uma expressão sublime. Peri estremeceu; ainda nessa 
hora suprema seu espírito revoltava-se contra aquela idéia, e não podia conceber que a vida de sua
senhora tivesse de perecer como a de um simples mortal.
- Não! exclamou ele. Tu não podes morrer.
A menina sorriu docemente.
- Olha! disse ela com a sua voz maviosa, a água sobe, sobe...
- Que importa! Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus inimigos."

Então eu me suspendi aos cipós que se estrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas de água e me agarrei aos troncos de uma palmeira. Então começou uma luta da terra contra mim, luta da força contra a imobilidade.
Por fim, consegui arrancar a palmeira e salvar minha senhora. E no último instante nossos labios se abriram como asas de uma ave em um beijo soltando vôo e sumimos no horizonte.

Peri


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